Um grupo de profissionais da saúde uniu forças para auxiliar voluntariamente gestões de hospitais do SUS que encontraram dificuldades administrativas em meio à pandemia do novo coronavírus.
Os voluntários decidiram compartilhar as experiências que têm em hospitais privados e com mais recursos, para aprimorar o sistema e reduzir a desigualdade no acesso a boas práticas de gestão.
A ideia surgiu quando Fernando Torelly, superintendente corporativo e CEO do HCor SP, precisou interceder por uma unidade pública de saúde que é referência no atendimento a pessoas com covid-19. A partir daí, não parou mais.
Fernando explicou a Ecoa que o hospital em questão necessitava da aquisição de um tomógrafo. Com o auxílio do administrador, o equipamento chegou à unidade.
“Foi um apoio importante para viabilizar a compra do equipamento. A partir dali, surgiu a ideia de doar horas de trabalho para realizar consultoria voluntária ao SUS. Coloquei a ideia nas redes sociais e um grupo significativo de pessoas, de praticamente todo o Brasil, e alguns brasileiros que moram no exterior, demonstraram interesse em também participar do projeto”, contou.
Fernando Torelly, do HCor SP, deu início à ação depois de ajudar hospital a conseguir tomógrafo
Imagem: Divulgação
Já são 600 voluntários
O grupo, então, transformou o projeto em uma associação sem fins lucrativos (Associação dos Voluntários de Saúde), que contribuirá para a qualificação da gestão do SUS por meio de consultoria gratuita oferecida aos hospitais por profissionais especializados.
Embora lide com núcleos hospitalares, o grupo Voluntários de Saúde é formado por praticamente todas as formações que atuam em muitas organizações de saúde no Brasil. Atualmente, cerca de 600 voluntários disponibilizam tempo para a iniciativa.
São profissionais das áreas assistencial, comercial, gestão de pessoas, jurídico e compliance, estratégia e governança, operações, tecnologia da informação, inovação, gestão de projetos, médica, financeiro, infraestrutura e engenharia, suprimentos, qualidade e segurança e marketing e comunicação.
“Criamos uma página no LinkedIn com informações sobre como uma instituição pode solicitar o nosso apoio. Já temos oito hospitais em processo de consultoria com 13 projetos. Os principais projetos que apoiamos são implementação de planejamento estratégico; apoio na preparação do hospital para os processos de acreditação; apoio no diagnóstico da situação econômico-financeira; ações de melhoria em qualidade e segurança; e gerenciamento de projetos”, listou Torelly.
Parcerias e acordos
O grupo de voluntários celebra acordos de parceria com algumas organizações e empresas para obter apoio com recursos financeiros e tecnológicos e aumentar a capacidade de auxílio.
“Já finalizamos diagnósticos em alguns hospitais para subsidiar ações de melhoria em praticamente em todas as áreas. Também já fizemos a entrega de propostas de planos estratégicos”, disse.
Fernando Torelly avalia que é gratificante poder contribuir de forma voluntária para democratizar as boas práticas de gestão e participar de um projeto que a cada dia está crescendo e se estruturado de forma mais qualificada.
A administradora Ruth Dornelles também trabalha no projeto. Segundo ela, o que estão levando aos hospitais é a possibilidade de qualificar a informação e os registros — o que, no entendimento do grupo, é justamente o que poderá fazer a diferença em suas tomadas de decisão.
“Estamos levando um método para que possam planejar e organizar melhor seus processos. Mas sem interferirmos nas decisões, que sempre serão da instituição”, disse. “Penso que estamos levando um ar de renovação, de repensar o que estamos fazendo em termos de organização e gestão”, ressaltou.
Para ajudar o projeto, basta acessar o perfil da iniciativa no LinkedIn.
